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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A ESCADA, O SUCESSO E O FRACASSO

Por Alberto Couto Filho
Abençoamados leitores,
Em janeiro de 2011 recebi este simpático e-mail de um presbítero de uma igreja no Espírito Santo:
Irmão Alberto
A paz do Senhor Jesus seja contigo.
Recentemente, a convite de nossa liderança, esteve em nossa igreja, um famoso palestrante, empresário cristão bem sucedido que, fazendo referência à eficácia de um líder, sugeriu a inserção da matéria Liderança nos currículos dos seminários teológicos.
Estranhamos quando disse-nos não ter recebido qualquer ensino que o preparasse para as obrigações pastorais, em nenhum dos cursos teológicos que havia feito.
Aquele preletor disse acreditar que, um teólogo, estudante e analista da influência que as religões exercem sobre a sociologia e a antropologia, tem menos chance de lograr bom êxito como pastor de uma igreja, se não portar nenhuma habilidade específica de Liderança.
Ele entende que o teólogo, por pesquisar, estudar e interpretar textos sagrados e doutrinas, não está habilitado para conduzir com eficiência o rebanho de Deus sob sua responsabilidade. Mesmo que Deus o tenha privilegiado com o dom da liderança, ainda assim, se não dedicar-se ao desenvolvimento deste dom, sendo diligente ao liderar (presidir – Rm 12:8) não obterá os resultados esperados, através de seus colaboradores, líderes também dependentes da aquisição e desenvolvimento das habilidades específicas da Liderança, no ofício pastoral.
Por duas vezes aquele preletor citou o livro, “Vinde Após Mim”, como leitura recomendada para melhor entendimento e plena compreensão do tema Liderança, dizendo-nos ser do seu autor esta sentença:
“Deus chama um servo a pastorear com a finalidade de equipar o rebanho para a difícil obra do seu ministério”. Seu papel é liderar, ensinando e encorajando membros da sua congregação a desenvolverem e aperfeiçoarem os dons recebidos graciosamente de Deus, para que realizem, com eficácia, os serviços para os quais foram chamados.
Ao mesmo tempo em que terá de cumprir as exaustivas tarefas do ministério ele deverá cuidar de relacionamentos sócio-emocionais, objetivando a transformação da vida das pessoas.”
Impressionado, gostaria de saber:
1) Como adquirir seu Livro “Vinde Após Mim”, não encontrado nas livrarias da minha cidade.
2) Em que o ilustre irmão, biblicamente baseia esta sua sentença, envolvendo os termos TAREFAS e RELACIONAMENTOS.
3) Exemplos nominais (pelo menos dois) de líderes diligentes que levaram seus liderados a lograrem bom êxito.
4) Se o dom da liderança é espiritual ou ministerial
5) Como separar a eficácia do sucesso.
6) Como obter o sucesso na liderança de servo
Amado Walmir,
Paz
Sou agradecido àquele irmão palestrante por recomendar o Vinde Após Mim como leitura sobre o dom da Liderança. Na verdade, sinto-me honrado em ser lembrado por alguém tão eminente nos círculos empresariais deste nosso país. Grato, também pelo seu interesse pessoal.
Eis suas respostas:
1) Acesse albertocoutofilho.blogspot.com.br (Blog do Alberto) e veja as instruções sobre comprar o livro;
2) Asafe, em seu salmo didático sobre Davi, exemplo bíblico de rei, profeta e de sacerdote/pastor – “E ele os apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu com mãos precavidas.” (Sl 78:72)
Apascentar com coração íntegro – RELACIONAMENTOS
Dirigir com mãos precavidas – TAREFAS
3) Barnabé guia de Paulo (At 4:37, At 9:26-27, At 11:22, 25, 26)
Paulo guia de Timóteo (cartas Paulinas);
4) O dom da Liderança é um dom motivacional prático . Como você mesmo citou: (Rm 12:8). Os dons motivacionais práticos (vocacionais - Rm 12:3-8) diferem dos dons manifestacionais particulares (espirituais – 1Co 12:8-10) e dos dons (Ministeriais (Ef 4:11)
5) Separando eficácia de sucesso:
=>>Ser/estar EFICAZ = Produzir efeitos desejados; dar bons resultados; agir com eficiência.
A EFICÁCIA é identificada através:
De Atitudes (propósitos, modo de se manifestar esses propósitos, espiritualidade, reações, maneira de ser),
Do Empenho (interesse, compromisso, insistência, diligência),
Dos Sentimentos (sensibilidade, amor, disposição afetiva, percepção, senso).
=>>Ter/haver SUCESSO = Resultado feliz, bom êxito, acontecimento
O SUCESSO é identificado através:
Do Comportamento (conjunto de atitudes e reações, face ao meio social apreciado);
Do Desempenho (atuação, atividade, interação, execução de um trabalho ou de uma função),
Dos Resultados (efeitos, consequências)
“A liderança Servidora/Transformacional é a força subjacente que leva qualquer tipo de Organização (igrejas/empresas/lares) ao sucesso.”
6) Como obter o sucesso como líder espiritual– Palestra (Rádio Vale da Benção – 2009)/Igreja CEB
Imaginemos uma escada que tem como degrau inicial a "VONTADE": o desejo de ajudar; de consolar; de alentar; de amparar, suster e sustentar o próximo, quando aflito, fraco, atribulado ou apenas inquieto.
O líder servidor/transformacional chamado, esse que tenciona ser “grande” na obra do Senhor, terá de alcançar o degrau seguinte que é o "AMOR". Este amor é aquele que tem; contém; detém e retém a perfeição que existe em Jesus; aquele amor incondicional, irrestrito, sem barreiras, limites ou fronteiras que sabemos “à duras penas”, estará praticando, ao saciar a sede e a fome que muitos têm de carinho, de dignidade e de Deus. Este amor; chamam-no amor “ágape”.
Assim, ele chegará ao degrau do AMOR, naquele instante, mais que nunca, sustentado e alçado pela Palavra de Deus.
Ele quer ser “grande”, sim, mas, para tanto, precisa observar o contido no Evangelho: “Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva;” (Mc 10:43).
Então, "SERVIR E SACRIFICAR-SE", é o terceiro degrau desta escada de cinco degraus que impulsiona homens privilegiados, chamados por Deus para conduzirem o Seu rebanho, orientados pelo modelo servidor, pleno de eficiência, da Liderança do Seu Filho Jesus.
É necessário "SERVIR", motivado e desejoso (motivado/com vontade) e, com altruísmo (amor ao próximo), revestido de toda a armadura de Deus, combatendo o combate em permanente guerra espiritual em que terá como inimigos nas regiões celestes, algozes infernais e detratores, os principados e potestades, como forças espirituais integrantes das hostes do mal (Ef 6:11,12).
Logo, "SACRIFICAR-SE" é preciso, como propósito; como um plano do Senhor para as nossas vidas. Por isso, citei o modus faciendi, o modal “à duras penas” - SERVIR, SACRIFICANDO-SE: é este o degrau seguinte a ser atingido por quem ama ao seu próximo.
Agora sim, disposto a sacrificar sua vida para resgatar a de muitos(Mc 10:45), uma disposição apreciada, admirada e aceita pelos fiéis que o observarão, operando na obra de Deus. Os seus liderados, colaboradores, apreciarão seus esforços para aproximar-se de uma perfeita imitação de Cristo, e o conduzirão, legitimamente, ao degrau da “AUTORIDADE”.
Esta AUTORIDADE precisa ser discernida com adequabilidade, pois ela não procede de uma posição ocupada – ela é genuína, legítima, originariamente espiritual, não organizacional ou posicional.
Com vistas ao santo ministério e o serviço dos santos (Ef 4:7-16), Paulo orienta os de Éfeso sobre a Liderança de Jesus, a cabeça da igreja: 15 – “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”, 16 – “de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor”.
Esta AUTORIDADE espiritual, este degrau, procede da vida ressurreta de Jesus – ela é revelada.
O escolhido irá adquiri-la à medida que sua própria vida for sendo colocada a serviço do resgate de muitas outras vidas, quando oferecer aos seus próximos a Direção e o Apoio, o que, como líder provedor, estará primando em fazer, para que sejam bem sucedidos; para que obtenham sucesso não só como servos, mas como seres humanos.
Ø A “AUTORIDADE” legítima, de baixo para cima, será exercida junto às pessoas, pelo poder pessoal, fundamentado no amor ao próximo, identificado nas atitudes e ações que irão gerar confiança nos seus liderados, levando-os a "desejar fazer"; a fazer de bom grado.
Ø A AUTORIDADE, no entanto, se exercida sobre as pessoas, de cima para baixo, pelo uso do poder de posição é baseada unicamente no temor. Este comportamento, se adotado por alguém designado para liderar conseguirá, apenas, que os liderados “façam” o que lhes foi determinado. Neste caso a LIDERANÇA não será feita da mesma forma que a de Jesus: "COM" as pessoas. Ela será feita PARA” as pessoas; PARA” o presbitério ou rede ministerial.
Quando, com determinação, identificar, considerar e respeitar os legítimos não-conformistas para que eles tenham vida em abundância, esta consideração e este respeito lhe serão amorosamente retribuídos. 

Ele chegará ao topo, ao patamar da escada, ao exercício pleno da "LIDERANÇA", objetivando sempre ser servo acima de tudo e não um líder acima de tudo.

Vejamos, então, o que o líder “chamado“ por Deus, deverá fazer para ser reconhecido como um eficaz líder servidor/transformacional e para chegar bem próximo de uma perfeita imitação de Jesus Cristo:
A - Adotar posturas essenciais, verdades espirituais contidas no exemplo da liderança de Jesus, tanto na execução das tarefas quanto nos relacionamentos interpessoais.
Desse modo, seus liderados serão bem sucedidos em suas funções na obra de Deus e como seres humanos. Eles, de certo, alcançarão a eficácia, não apenas na realização da obra, mas no cotidiano de suas vidas, dentro e fora da igreja. “E ele os apascentou, consoante a integridade do seu coração (relacionamentos) e os dirigiu com mãos precavidas (tarefas)" (Sl 78:72)
B - Fazer amizades sinceras, no âmbito dos crentes, quando da partilha das tristezas e, com isto, propiciar o renovo de encorajamento e de suas emoções – “Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim o amigo encontra doçura no conselho cordial.”(Pv 27:9);
C - Ombrear com a sua família de crentes, dando-lhes o apoio; comemorando vitórias e amenizando preocupações, ante o insucesso – “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram." (Rm 12:15);
D - Consolar, amparar e, dessa forma, fazer amigos, comungando com os santos do seu Ministério em lazer e entretenimento nos intervalos entre as batalhas da vida (Jo 2:1-11);
E - Esforçar-se em ouvir as pessoas, sem fazer avaliações.
Ouvi-las para compreender, para assimilar mentalmente os seus problemas; Ouvi-las, ativamente, para que compartilhem as suas diferentes percepções sobre o seu estilo de Liderança; Mostrar-lhes sua intenção de aceitar “feedback” negativo sobre a sua conduta ministerial.
Sendo um bom ouvinte, quando ouvirá de forma sinérgica e empática, compreenderá com mais facilidade os diferentes pontos de vista de cada um. É dessa forma que irá conseguir a união, a unidade do rebanho de Deus a ele confiado (1Co 9:19-23);
F - Esforçar-se, também, em desenvolver e aperfeiçoar seus fiéis colaboradores,
Procurando, sempre, ajudá-los a alcançar o amadurecimento, a maturidade espiritual, através da crença no potencial de cada um, fazendo com que se sintam valorizados, também, como cidadãos e como parceiros dignos da sua confiança; tratá-los com extrema consideração quanto às decisões que a igreja precisará tomar e que poderiam vir a afetá-los.

Sempre que possível e, se dele depender, acomodar as complexas necessidades de cada um, buscando motivar e engajá-los na obra de Deus – “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.” (2Tm 2:2) - “...outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,” - “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço...”(Ef 4:11,12);

G – Compartilhar o seu lado humano e a sua vulnerabilidade, deixando que identifiquem seus pontos fracos, para que mais se aproximem dele e se sintam seguros – “Jesus chorou” (Jo 11:35);
H – Contar com o apoio essencial e decisivo da sua família, mormente quando o trabalho secular exige certa quantidade do seu tempo. Um ministério bivocacionado estará sempre diminuindo o tempo que o líder deverá dedicar aos seus familiares – esposa, esposo, filhos.
O ensino bíblico diz que o pai é o líder espiritual do lar, mas isto não significa que ele não receba direção de seus familiares.
Ele deve entender que não será o único a ouvir a voz de Deus e alguém da família pode, também, interpretar, corretamente a orientação dos céus, como dito na Bíblia - “...para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça” (Mt 18:16).
O chamado para a liderança pastoral será sempre confirmado por meio do apoio da família;
I – Ele deve formar uma equipe eficaz de obreiros, através do empoderamento (Mt 28:19), permitindo-lhes a assunção de riscos e responsabilidades pelo próprio desempenho; delegando autoridade e partilhando o seu poder posicional de líder espiritual de uma Igreja.
Para que os componentes de uma rede ministerial venham a evoluir de uma relação de dependência para uma relação de igualdade ou de interdependência, é necessária esta liberação de poder, através da delegação de autoridade (Mt 28:18).
Vamos rever os degraus da escada que pode levar líderes, “chamados” por Deus, ao sucesso?
1º) Vontade;
2º) Amor;
3º) Serviço e Sacrifício;
4º) Autoridade e
5º) Liderança (patamar).
No entanto, eu os conclamo a usar de sabedoria quando da escolha da parede em que apoiarão essa escada.
Ø A escada, quando apoiada na parede da humildade que é Jesus Cristo, provoca os aplausos (bençãos) do Senhor, em razão da eficácia da sua Liderança. O sucesso do líder escolhido é decorrência natural, um lugar-comum, uma obviedade;
Ø Há líderes, infelizmente, que apoiam a escada na parede da soberba, contígua à parede da dominação, provocando os apupos do Senhor - Deus não se agrada disso. O fracasso, então, destes impelidosé inevitável.

Por
Alberto Couto Filho

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